segunda-feira, 29 de agosto de 2011

EXECUÇÃO DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI: SERÁ QUE NESSE "FILME" SÓ TEM BANDIDOS?

  Dirceu Ayres

Depois que a juíza Patrícia Acioli foi executada em São Gonçalo-RJ, a grande discussão da Justiça carioca é determinar se ela havia, ou não, solicitado proteção policial. Pense em uma discussãozinha "abestada"! Em primeiro lugar, qualquer idiota que milite no judiciário do Rio de Janeiro sabia, ou deveria saber, que a juíza Patrícia Acioli, por conta dos serviços prestados na luta contra o crime, era um dos alvos preferenciais de alguns dos mais importantes grupos criminosos do estado, entre os quais alguns que estão "acoitados" dentro da força policial, tal como acontece com a maioria dos grupos de milicianos, cujos chefes são, via de regra, oriundos de quartéis ou delegacias. Fico pensando se o fato dessa juíza não ter tido a tão propalada "proteção policial", não tenha sido exatamente um dos fatores que preservaram sua vida por mais algum tempo, pois agora foi esclarecido pela perícia que as balas usadas em sua execução provinham dos estoques da PM do Rio de Janeiro. Do jeito que a coisa vai, estamos caminhando célere para voltar ao tempo do "cangaço", quando para a população civil, não havia diferença entre "mocinhos" e bandidos, pois era maltratada, roubada, humilhada e morta pelo facínora que chegasse primeiro, fosse cangaceiro ou "macaco". Temo que chegue o dia, se é que já chegou em algumas favelas cariocas (essas mesmo que agora são cinicamente chamadas de "comunidades", como se a mudança de nome significasse mudança de fato), onde alguns cidadãos, ao invés de preferirem a proteção policial, optaram pela proteção "bandidal". POSTADO POR JÚLIO FERREIRA 'Ninguém quer ser julgado por juiz com medo', diz substituto de Patrícia Acioli Em conversa com esta Coluna, o juiz Fábio Uchoa falou sobre a missão de ocupar a cadeira da juíza Patrícia Acioli, morta no último dia 12, em frente à sua casa em Niterói, no Rio de Janeiro. Durante a entrevista, ele disse acreditar que o aumento no número de ameaças a magistrados após o assassinato da juíza seja reflexo da grande repercussão que o caso teve o que, segundo ele, pode ter levado algumas pessoas a agirem de má fé, passando trotes para assustar alguns juízes. Em relação a seu trabalho na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Uchoa se diz tranqüilo e afirmou que não se sente ameaçado e tem exercido seu trabalho “com normalidade” contando com a ajuda de outros três juízes e mais sete promotores de justiça. Segundo ele, a designação desta força-tarefa para a Vara tem ajudado a manter a pauta de processos que já havia sido definida enquanto Patrícia estava no cargo. Fábio Uchoa acredita que mesmo tendo sido um fato lamentável, o assassinato da juíza, a quem se referiu como amiga, foi isolado e pontual. “De 15 mil juízes em atividade foram três fatos pontuais. Não há motivo para alarde. O judiciário deve pensar na segurança dos magistrados, mas não significa que devamos ficar apavorados”, afirmou. O juiz afirmou que benefícios, como a disponibilidade de escolta policial são garantias que os magistrados têm para o bom exercício da função, mas infelizmente algumas vezes são interpretados como privilégios pela população. “Ninguém quer ser julgado por juiz com medo”, disse. Quanto às milícias, que têm atuado no estado, ele acredita que tanto a polícia, quanto a justiça do Rio têm desenvolvido um trabalho diferenciado e eficiente no combate a estes grupos e afirmou, “se cometem os crimes já sabem das conseqüências”.

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