segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CALA BOCA, DILMA.

                 Dirceu Ayres
Sei lá que droga de diplomacia do Itamaraty anda ministrando a Dilma; boa, com certeza, ela não é, a despeito da cobertura laudatória de parte da imprensa Certo, a coisa toda serve à hagiografia da “primeira presidenta” do Brasil, e o tom laudatório que acompanha as reportagens sobre Dilma Rousseff na Europa beira o constrangedor. Abre-se mão até mesmo da tarefa óbvia de perguntar se é o Brasil quem tem de pagar para que ela vá se “emocionar e se “engasgar” na escola em que estudou o extremoso pai, que largou uma família na Bulgária e construiu outra no Brasil. Ponto parágrafo. Melhor pra Dilma. No Brasil, esta terra de oportunidades — onde a filha pretendia implantar uma ditadura comunista que fabricou o fabuloso atraso da Bulgária —, o pai enricou. Vamos seguir. Dilma visitou a Turquia. Ela segue cumprindo na ponta do lápis a máxima estabelecida pelo jornalista H. L. Mencken: para cada problema difícil, há sempre uma solução simples e errada. E, como não poderia deixar de ser, a presidente brasileira voltou a insultar Israel, ainda que de modo um tanto oblíquo. Já explico por quê. Leiam o que informa a Reuters. Volto depois. Na Turquia, Dilma apóia Estado palestino e pede fim da crise na Europa A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira, 7, que a Europa saia da atual crise econômica assegurando o crescimento econômico e a retomada do emprego. Em declaração à imprensa após assinatura de atos durante visita à Turquia, Dilma também falou de política internacional e voltou a defender uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos. “Desejamos à Europa uma saída rápida da crise por meio da busca por maior estabilidade macroeconômica, mas também - e sobretudo - assegurando a retomada do crescimento, da proteção ao emprego e dos segmentos mais vulneráveis das diferentes populações”, disse Dilma, segundo áudio divulgado pela Presidência da República A presidente exaltou a aproximação recente entre Brasil e Turquia e assinalou que sua visita ao país “reflete uma nova geopolítica do mundo”. Dilma considerou que “poucos assuntos são mais importantes” que a busca por uma solução para o conflito no Oriente Médio entre israelenses e palestinos. “Sem uma solução para o povo da Palestina, também não haverá uma solução de segurança para o povo de Israel. Essa é uma Questão crucial”, defendeu. O Brasil já se declarou favorável à criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores às da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em seu discurso durante a abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em setembro, Dilma lamentou “não poder dar as boas-vindas à Palestina como um Estado reconhecido plenamente” pela entidade. A Autoridade Palestina busca no Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento de um Estado palestino, atitude que tem a oposição de Israel e dos Estados Unidos. Washington é um dos cinco membros com poder de veto no Conselho. Dilma Rousseff comete dois atos tolos para quem é presidente de um país que pretende ser visto como um dos grandes no cenário internacional. Comecemos pelo tom dos discursos da presidente nessa jornada. Não, meus caros!, líder nenhum do mundo, podem pesquisar, dá “conselhos” e pitos como faz Dilma, propondo “soluções” a partir de sua própria experiência — eventualmente, experiência apenas suposta. Como bem apontou um texto recente, a que o Financial Times deu destaque, ela criticou o protecionismo dos ricos em discurso da Bélgica dias depois de ter elevado o IPI dos carros importados. Quase ao mesmo tempo, o governo decidia que as empresas nacionais terão prioridade nas compras governamentais. O que o Brasil quer? Licença para praticar “protecionismo de pobre”? Uma coisa é o Brasil endurecer nas negociações bilaterais ou pressionar organismos multilaterais por meio de sua diplomacia; outra, diferente, é sair por aí como se fosse um Catão da nova era, como se tivesse descoberto o ovo de Colombo da economia. Tenham paciência! Dê-se um tombo feio no preço das commodities para ver aonde vai parar esse nosso “orgulho”. A inflação em 12 meses está em 7,31%, a mais alta desde 2005, num cenário de crescimento, por enquanto, apenas médio — 3,5% —, num processo óbvio de desindustrialização. Está dado, pela natureza do processo, que a crise não atinge hoje igualmente os países ricos e os ditos emergentes. A resposta aceitável para estes pode não ser boa para aqueles. Mas Dilma tem a solução: retomada do crescimento, proteção do emprego, atendimento aos mais vulneráveis… Sei. Medidas protecionistas, num primeiro momento, protegem o emprego, por exemplo. A Soberana recomenda esse remédio aos companheiros europeus? Seria ruim para o Brasil acho. Dilma repete, nesse particular, o seu antecessor, com aquela arrogância de quem descobriu a pólvora. Lembram-se quando Lula vivia demonizando o FMI porque o órgão sairia por aí dando o seu receituário? O Brasil faz algo diferente? “Mas os conselhos de Dilma são bacanas”. Ah, bom, se é assim… Israel A Turquia está numa rota óbvia de colisão com Israel. Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, está esticando a corda ao máximo, anunciando até manobras militares. Reduziu ao mínimo as relações diplomáticas com seu ex-aliado e foi um dos promotores do pedido de reconhecimento encaminhado à ONU pela Autoridade Nacional Palestina. Também deu suporte à tal flotilha, de trágico desfecho. Dilma, no discurso de abertura da Assembléia Geral, já havia expressado seu ponto de vista. Era, pois, absolutamente desnecessário ter voltado ao assunto justamente na Turquia, dado o status das relações deste país com Israel. Ao fazê-lo, é claro que Dilma endossa a estridência de Erdogan e se comporta como se ela também estivesse disputando a liderança dos… países islâmicos!!! Uma comédia de erros. (Lili carabina)

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