quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A corrupção na sala do ministro.

               Dirceu Ayres
Na entrevista ao Estado de São Paulo, o policial João Dias Ferreira dá detalhes do encontro com o ministro do Esporte, Orlando Silva, e da entrega do dinheiro do esquema ao próprio titular da pasta. O ministro Orlando Silva diz que se encontrou só uma vez com você, entre 2004 e 2005, na gestão do ex-ministro Agnelo Queiroz. É verdade? Essa reunião nunca aconteceu. Não existe essa reunião. O ministro faltou com a verdade. Ele esteve comigo uma vez para fazer um acordo com o pessoal dele para eu não denunciar o esquema. Quando foi essa reunião? Em março de 2008, estava toda a cúpula. Foi no ministério, no sétimo andar, na sala de reuniões do Orlando. Por que houve essa reunião? Eles já tinham proposto um acordo e eu disse que só admitia na presença do Orlando, para ele homologar. E eu disse na reunião que descobri todas as manobras, a ligação dos fornecedores do Segundo Tempo com o PC do B. Eles começaram a dizer que estávamos irregulares a partir do momento que a gente não pagou os 20% iniciais e não admitiu os fornecedores que eles indicaram. E o ministro? O Orlando disse para eu ficar tranqüilo, que tudo seria resolvido, que não faria escândalo. Eu disse que, se isso não fosse feito, eu tomaria todas as providências e denunciaria o esquema. O esquema é padrão, um protocolo, como vocês do Estado mostraram em fevereiro. E apontei, na reunião, cinco funcionários responsáveis pelas fraudes. E eles continuam trabalhando lá. E qual o teor do acordo? O acordo era que eles tomassem providências internas, limpassem meu nome e eu não denunciaria ao Ministério Público. Nessa reunião com o Orlando, eles falaram em produzir um documento sem data. Ele foi pré-produzido e consagrado. A reunião foi em março, mas eles colocaram um documento com data de dezembro de 2007 dizendo que eu encerrava o convênio. É um documento fraudado. Eu disse que não concordaria e iria denunciar. Acharam-me com cara de Mané. Esse acordo foi feito na presença do ministro? Sim. Mas logo em seguida, eles, em vez de resolverem o problema, fraudaram um documento dizendo que eu devia dinheiro e jogaram nas minhas costas. E o que você fez? Fui novamente no ministério e disse: "Vou denunciar vocês, que são uns vagabundos". Aí teve uma outra reunião, na noite de uma sexta-feira, no bloco A do ministério, para cumprir o acordo, sem o ministro. Está gravada a reunião. Eu redigi um pedaço do termo de rescisão e eles, outro. O Fredo Ebling (dirigente do PC do B) falava em nome do ministro do Esporte ao pedir dinheiro a você? Sempre em nome do Orlando Silva. O que você sabe de remessa de dinheiro para o ministro? O próprio Freddo relatou para mim que entregou dinheiro, por diversas vezes, para o Orlando. Em entrevista exclusiva ao Estado nesta segunda-feira, 17, o policial militar João Dias Ferreira contradiz a versão do ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), sobre o encontro entre os dois. Ferreira afirma que Orlando propôs, pessoalmente numa reunião em março de 2008 na sede do ministério, um acordo para que o esquema de corrupção na pasta envolvendo o Programa Segundo Tempo não fosse denunciado. O ministro diz ter se encontrado com Ferreira apenas uma vez, entre 2004 e 2005, para discutir convênios das entidades dirigidas pelo policial com o ministério. Ferreira deu detalhes do encontro que diz ter tido com o ministro do Esporte em março de 2008. "O acordo era para que eles tomassem providências internas, limpassem meu nome e eu não denunciaria ao Ministério Público", afirmou. "O encontro foi na sala de reunião dele, no sétimo andar do ministério", disse. Neste encontro, o policial disse que negociou com o ministro a produção de um documento falso para selar o acordo, já que o ministério cobrava cerca de R$ 3 milhões de suas entidades. "Nessa reunião com o Orlando, eles falaram em produzir um documento sem data. Ele foi pré produzido e consagrado. A reunião foi em março , mas eles colocaram um documento com data de dezembro de 2007 dizendo que eu encerrava o convênio. “É um documento fraudado”, disse. Duas semanas depois do encontro com Orlando, já em abril, uma nova reunião foi feita no ministério, desta vez sem a presença do ministro. Essa conversa, segundo o policial, ocorreu numa sexta à noite, e contou com dirigentes da pasta aliados do ministro. Ele diz ter gravado este encontro. O ministro afirmou no sábado ter encontrado o policial uma só vez entre 2004 e 2005, quando era secretário-executivo da pasta na gestão de Agnelo Queiroz à frente do ministério. "Foi a única vez que encontrei essa pessoa", disse o ministro, em entrevista no México. Segundo o policial, esse encontro mencionado por Orlando jamais ocorreu. "Essa reunião que ele diz ter feito comigo nunca aconteceu. Não existe essa reunião. “O ministro faltou com a verdade”, disse Ferreira. "O ministro esteve comigo uma vez, em março de 2008, para fazer um acordo com o pessoal dele para eu não denunciar o esquema", disse.

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