terça-feira, 10 de maio de 2011

ÁGUA NO PARABRISA DO CARRO

                 
           Dirceu Ayres
No dia em que eu não contive as lágrimas, as palhetas do meu carro não contiveram a chuva que despencava sobre elas. Foi uma sensação entranha, sensação de impotência, eu já estava chorando quando saí da casa dela e continuei a chorar, a certa altura, percebi que o Pára-brisa do meu Automóvel estava como cheio d’agua aí então liguei o motor do limpador e escutei as palhetas apitando como se estivesse limpando o Pára-brisa seco, sem água. Parei, eram as minhas lágrimas, meus olhos cheios de lágrimas que me deram a sensação que estava chovendo. Tinha de ser ou fingir que eu era um homem para que pudesse segurar aquela barra que já não estava suportando. Então, isso faz tempo, quase duas semanas. De lá pra cá, deu pra driblar os chuviscos (as lágrimas). Hoje cedo, foi um pouco complicado passar na rua em que ela mora. Deveria ter notado que era um dia aziago. A minha velha sensação esquisita dizia que com certeza tinha algo errado, era sinal de que não vinha coisa boa pela frente. Coloquei um CD com música de flauta no player do carro e tentei me concentrar na música que suavemente enchia o interior do Automóvel, isso com certeza iria me acalmar. Ledo engano, o que está dentro da pessoa, mora dentro, fica dentro e só sai quando quer ou acha que deve, é como uma tatuagem cortada na própia carne e como se fosse pouco, pintada com tinta penetrante. Deus, como fazer para tirar essa tinta-tatuágem ou emoção grudada no meu interior, acredito que nada...É o famigerado amor, sim amor que está morando dentro de mim, ela me faz falta, vivo lembrando seu corpinho curvilíneo, branco, seios fartos e rígidos, mamilo róseos sem aquelas auréolas grandes e podemos dizer que são mamilos lindos. Foi assim: Que de repente ela me disse...”Vamos nos dar um tempo?, Ando meio desorientada e ainda nem sei o que na verdade estou querendo, sei que lhe amo, mas, não o bastante para tomar alguma atitude séria”. Foi depois que ouvi essa declaração que para mim foi assustadora, peguei o carro e tive a impressão que o mundo desabava em água e até liguei o motor do limpador. Saí em desabalada carreira quase sem rumo mas, com certeza desorientado. Naquele momento eu era perigoso até para mim mesmo, corria, chorava, tinha vontade de desaparecer, sumir, evaporar. Sim deve ser o efeito da desolação e desespero de ouvir aquilo logo da pessoa que eu mais amava. Mas tinha que me acostumar com a idéia de não mais ter aquele anjo comigo, sentir seu corpo quente e seu hálito perfumado, mais que amargura, não mais, nunca mais vou me entregar assim de todo vou ter mais cuidado, não sou de tirar proveito de ninguém, mais sempre que tiver oportunidade tiro meu “sarro”. Acredito que a melhor maneira é sempre fazer a mulher se apaixonar, grudar, ficar dependente e sempre carente, aí sim vou: “dar as cartas e jogar com as mãos”. Assim sendo, nunca mais vou passar por aquela amargura e desespero de pensar que tinha água no parabrisa do carro quando só tinha lágrimas em meus olhos, que loucura!!! Água no parabrisa, oxente tá é doido.

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