terça-feira, 10 de maio de 2011

OS PALHAÇOS NO GOVERNO

                  DIRCEU AYRES
Os políticos Brasileiros continuam fazendo palhaçadas sem graça. Tenho dó dos verdadeiros palhaços, daqueles que num picadeiro de circo se esforçam para arrancar pelo menos um sorriso da platéia e, muita vez, não conseguem. Eles vivem disso. Já os políticos Brasileiros têm platéia cativa. Eles são os donos do circo, mestre de cerimônias e também são péssimos palhaços, sempre sabujamente aplaudido pelos seus séqüitos. Já me referi mais de uma centena de vezes, mas eles não lêem escritor de Cidade pequena. Há um tempo uma Senhora deixava de vez em quando um pitaco a respeito do que eu escrevia. Descobri muito depois que era minha vizinha que gostava de dar o seu pitaco indignada com comparação que eu sempre fazia e prometeu não ler mais nada que eu escrevesse. Não tenho ânimo de criticá-los. Mas esses políticos são tão produtivos no seu besteirol que ignorá-lo é confessar, em termos, falta de atenção. Já que me falta ânimo, vou escrever desanimado mesmo. Estas poucas palavras são em homenagem aos seguidores e entusiastas do ditador que repete todos os erros da história. Coisa de latino-americano, insistir no que deu errado em outros lugares, em outras épocas. Elas se referem à gloriosa eleição do Brasil para sediar a Copa de 2014. Gloriosa porque o Brasil competiu com... Desculpem, é gloriosa porque, mesmo competindo apenas consigo próprio, conseguiu não ser descartado. Acho que aí tem coisa. Ninguém quis, sobrou para o Brasil. Fica aquela perguntinha que não quer calar: por que outros não se interessaram? Mas voltemos, desanimadamente, aos palhaços políticos sem graça. Na cerimônia em que o Brasil foi eleito o político mor, disse: O Brasil vai cumprir o seu dever de casa. Depois, que vamos organizar uma copa espetacular, para argentino nenhum botar defeito. O fazer o dever de casa significa uma genuflexão aos interesses de alguma potência mundial ou — vá lá — aos caprichos petrolíferos de um Evo Morales, para quem o Brasil já baixou as calças? Não! Caímos abaixo desse nível. O dever de casa, aqui, é o passado pela FIFA, organismo que controla o futebol no mundo. É a ela que apresentaremos a lição feita para ganharmos um diploma. Até se entende. O Brasil é o país do futebol. Nada de mais abrirmos às pernas para o organismo que o controla e cujo embaixador no Brasil é a figura suspeitíssima de Ricardo Teixeira — e falo suspeitíssima porque, desanimado, a melancolia reprime assomos mais rancorosos que comumente dirijo à bandidagem. E a afirmativa para argentino nenhum botar defeito? Nem abordo a deselegância de um chefe de Estado referir-se assim, ainda que de brincadeira de mau-gosto, a outra Nação. Elegância não se pode esperar de nossa família real. Mas, sabe-se, a Argentina atravessa uma crise e tem consciência disto. Nem se candidatou. Certamente seus governantes têm autocrítica e enxergam problemas mais sérios a resolver. Então a comparação fica muito mal. Feio para a nossa cara. Não seria melhor dizer para alemão nenhum botar defeito, pois a última copa foi lá? Ou referir os americanos, os franceses, os japoneses e coreanos? A Argentina não tem como avaliar nossas condições. Os americanos, alemães, franceses e japoneses e coreanos sim, estão habilitados. Mas nossos políticos são, digamos, meio covarde e já demonstrou isto com Morales e Chávez.

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