Dirceu Ayres
Creio que na ficção, mesmo quando não falamos de algo que tenhamos visto ou vivido, falamos de como o autor imagina que seria viver essa experiência. Costumo dizer que artistas são uns seres esquizofrênicos ou pelo menos desencontrados, que atuam em seus delírios de forma socialmente aceitável. Principalmente o escritor e o ator, que têm que “SER” o personagem para torná-lo convincente. Nem todo mundo se dá conta dessa inevitável simbiose autor-personagem, e muitos leitores chegam a confundir um e outro. Um determinado Autor, quando publicou seu romance, recebeu muitos e-mails de leitores perguntando se o seu livro era autobiográfico. Ao que ele respondeu: “Em literatura, acredito que pouco importa em que medida e de que maneira a ficção se inspira no dado real: ela só se edifica pulverizando-o, a fim de fazê-lo renascer para uma outra existência”. Meu comentário será sempre: Um autor, ao falar de pessoas e acontecimentos fictícios ou reais o faz através das próprias vivências e, no fundo, fala sempre de si mesmo. As crônicas que costumo escrever, embora alguma seja ficção, surgi sempre de uma ou alguma experiência que muito me toca. Posso aqui falar de um caso que serve de exemplo. Eu possuía um cachorro grande chamado HULK, lindíssimo, o HULK, cachorro da raça Fila muito dourado e muito bem alimentado, mas, que por ter sérios problemas de relacionamento com pessoa que não era da casa, era ainda mais querido de todos nós. Um dia eu ia pela Rua do povoado onde tinha uma pequena fazenda, na grande Maceió levando o HULK pela guia ou enforcador, quando passamos diante de uma esquina com um banco pequeno de madeira que servia de morada a uma velha mendiga, que, como tantos outros, fazia dali o seu ponto E a mendiga olhou para o HULK e disse: “Que cachorro lindo, Major. Benza-o Deus”. Fiquei engasgado e, antes que começasse a chorar ali mesmo, arrastei o HULK para a casa sede da Fazenda. Ele tinha tudo que aquela mulher não tinha: uma boa casa, comida farta, a melhor assistência médica, sabonetes e shapoo para seu banho e, sobretudo, muito amor. Eu, no lugar dela, teria muita raiva, em verdade odiaria aquele cachorro. Ela não só o admirava como lhe desejava as bênçãos de Deus. Depois, mais calmo, exorcizado através de rezas e mais calmo, achando que tirei toda minha culpa, pude perceber que o erro não estava em o HULK ter tudo isso, sim senhor... O que era errado era aquela mulher não o ter também. Em verdade a mulher não tinha nada, nem o que vestir nem o que comer quanto mais alguma medicação que porventura estivesse precisando. Que lástima, como poderia um ser humano viver daquele jeito e não viver se lamentando, reclamando de tudo e de todos?, Será que isso é viver?, Será que é essa a realidade que vivemos ou que acomodados aceitamos para o nosso viver?, Os Governos não teriam uma secretaria municipal ou estadual principalmente o P.T. que precisa estar trocando cargos por empregos para os petralhas, sempre tem de colocar algum filiádo do Partido desde que nem precsa ter capacidade de trabalho nenhuma basta ser afiliádo ao partido e com um padrinho que finja ser alguém de capacidade para cuidar dessa gente?, Tem mesmo de assistir e deixar um ser humano viver se é que isso é viver assim? Porca miséria. Tantas são as perguntas e tão poucas são as respostas que um dia quem sabe, encontraremos a nossa ou uma outra REALIDADE.
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