Dirceu Ayres
Ando assustado com os rumos que o Brasil está tomando. Ando assustado pela violência nas ruas, pela violência policial, pela violência política, pela violência virtual. Simultaneamente, percebo uma total letargia dos cidadãos brasileiros. Quase ninguém mais faz um B.O. (Boletim de Ocorrência) quando é roubado ou assaltado. O roubo de dinheiro de pequenos objetos relógios, correntes, pulseiras, de aparelhos celulares, anéis, cordão de ouro, isso não é interessante chegar mais até as autoridades das delegacias. Todos se conformam com a felicidade de sair vivo, se possível ileso, da experiência desgraçada de ser assaltado. Nossos governantes fazem e desfazem sem dar satisfações públicas de seus atos, mas ninguém parece preocupado em cobrar o que quer que seja. Pessoas entrevistadas em meio a enchentes, incêndio de favelas e outras tragédias do cotidiano afirmam que “Deus” sabe o que faz. “Deus” proverá. Enquanto “Deus” não tem tempo de resolver todas as nossas mazelas, cuidar de nossos pobres, mesmo porque não é de sua alçada nem culpa, nossas vítimas de violência, nossos políticos se esbaldam em dinheiro público, aumentam seus próprios salários, vivem como que ilhados com suas amantes e mulheres num outro país, num outro Brasil. A “federação” não passa de um amontoado de diferentes problemas, diferentes culturas, folclore colorido, idiossincrasias, reunidos em torno de Brasília, a capital da esperança. Há os que desistem e partem para outros países, mais civilizados ou mudam simplesmente de Estado. Há os que não aceitam abandonar a luta, querem continuar lutando. E existe também uma imensa maioria que não tem opção. Os políticos confiam que essa situação é eterna. Que todo cidadão brasileiro é um idiota potencial, basta manejá-lo, de preferência com sua própria ignorância. Os políticos confiam que, estando nas mãos de “Deus”, o povo jamais reagirá. Os políticos fingem que não vêem e não ouvem a crescente gritaria da classe média, dos deserdados, dos analfabetos funcionais, do sem-futuro profissional e social. É óbvio que Brasília não é a “capital da esperança”, mas o túmulo em que enterramos nosso futuro, o dos nossos filhos e o de mais pelo menos duas gerações. Brasília é um cemitério, e como tal, cheia de fantasmas, planos inacabados, projetos natimortos. Talvez possamos mudar a taxa de natimortalidade e nossa luta seja considerada apenas como só um dia de mau humor. Talvez seja a consciência de que estamos à beira da tragédia. Mas alguma coisa me diz que breve, muito breve, alguma coisa terá que mudar nesse país. E que a mudança já está em curso e não está atrelada aos partidos políticos. Pouco a pouco, o cidadão está se engajando em alguma forma de defesa, mesmo que pessoal. Não sonegar impostos, fazer uma séria “reforma trabalhista informal”, deixar de ser coveiro, poder ser decente e não partir mais para a informalidade. Brasília segue sem os pés no chão. O céu de Brasília ainda é um céu de brigadeiro, mas, até quando?. O que fazer com tantas mulheres que sofrem de uma irrestível carência afetiva e sexual?, Deus meu, mulheres que se aliviam com a doméstica, o Jardineiro, o Motorísta e até a lavanca de marcha do carro, não é doença é carência mesmo. Morei em Brasilia e sei do troca e troca de casais, de marido e de mulher, mas não se engane. É só carência mesmo, Brasilia é uma cidade muito alta e quase sertão. Quente as pessoas eos homens debatendo no congresso e saindo com as secretárias quando chega em casa... Dormir.
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