segunda-feira, 23 de maio de 2011

COITADINHO, VÍTIMA PODEROSA


                                                         DIRCEU AYRES
Existem pessoas que gostam de ajudar os chamados “coitadinhos”. Pode ser até coitadinho mesmo, coitadinho de mesmo ou coitadinho fingido. Social, intelectual, não importa. Sendo de mesmo um coitadinho, leva. Porque em verdade, são pessoas que são mesmo muito mentirosas, vaidosas e não há melhor exercício de vaidade no mundo do que ajudar um coitadinho ou sentir compaixão por ele. Aí sim, o famigerado vaidoso demonstra todo seu poder ao esconder sua tara de superioridade. Os mais espertos percebem que quando ele se mostra uma vítima, ou mesmo finge ser uma, vai ter carinho, colinho, dinheiro e até aplausos. Quem se faz de vítima sempre leva a melhor, até para o cargo mais alto da Nação. Mesmo que seja errado, mau caráter e desonesto, serão sempre admirados e cultuados por aqueles que admiram os coitadinhos... Aliás, estar certo ou errado, desonesto ou honesto, não faz a menor diferença diante da estrondosa fúria emotiva de quem gosta de aparecer porque é a de ajudar os coitadinhos. Os coitadinhos, comovem. Alguns espertos que descobriram isso vivem de serem coitadinhos profissionais. Embora receba salário generoso ou exerça cargo político ou de alta confiança, tenha muito dinheiro. Queixa-se o dia todo do mundo e de todo mundo, das injustiças, do salário baixo, enfim, de absolutamente tudo. Todo mundo ri e aplaude o coitadinho quando ele se auto elogia. Sabe por quê? Porque o coitadinho não parece ser uma ameaça a ninguém. É só um pobre coitado. Um miserável a mais na face da terra. O coitadinho esperto é só um vaidoso que ainda não teve oportunidade de ser um tirano. Mas assim que ele começa a melhorar de vida mostra a que veio e por que ali ou aqui está. Veio para se vingar de seu destino, pobre desgraçado, com uma família de retirantes famintos, danou-se para outro estado, com muita sorte, persistência e muitos amigos e correligionários que arranjou ao longo de sua jornada a falar para os pobres, analfabetos, ignorantes e tantos outros que se identificam com ele. Arranja para ficar com um cargo nos governos, graças aos coitadinhos, ao invés de se vingar dos ricos e poderosos, se vinga mesmo dos pobres e famintos que o ajudaram e como ele próprio já fora. Vem para colocarem-se no lugar onde acha que merece, que é exatamente acima de todos os outros. O coitadinho acha que o mundo está em débito com ele e, portanto, tem o direito de reivindicar o que bem entender. Eu tenho medo dos coitadinhos profissionais. Não dos coitados de fato, os miseráveis, os injustiçados, mas desse outro que descrevo. Esse coitadinho será o primeiro a cortar a mão de quem lhe ajudou. A puxar o tapete de quem lhe ofereceu o ombro. Porque o coitadinho tem ódio de receber esmolas e migalhas. Ele nutre um ódio mortal por todas as testemunhas de sua condição passada e do seu hoje poder temporário. Más com tempo e oportunidade, metem logo à mão. E assim foi feito e tem sido feito, não só pelo coitadinho como também por seus amigos. Portanto, se você tem bom coração, é sensível e preza a justiça, seja justo de verdade. Não confunda a vaidade de fazer benemerência com coitadinhos e a real vontade de ajudar alguém que necessita. Doar-se não é ajudar, se esforçar, pedir a amigos para ajudar a colocar em um cargo público um desses coitadinhos. É doar o que você tem de mais precioso, o seu tempo de vida na terra, para ensinar aos outros a se virar sozinho. Ser bom não é ser bonzinho para os coitadinhos e até os retirantes da seca Nordestina. É fazer com que todos cresçam a sua volta sem medo de ser superado. Ser bom é ser verdadeiro com o que vem buscando sempre o melhor, mas mantendo a dignidade de não se fazer de coitado. Observe as incoerências do nosso Brasil: Pagar trinta (30) anos de INPS a um teto de vinte salários e se aposentar com um salário mínimo porque teria ficado mais de cinco anos sem pagar a Previdência, por conseguinte, deixou de ser segurado, ou perdeu a qualidade de segurado ou mesmo de constar no sistema. Os salários das autoridades aumentam sempre o dobro de tudo e o salário mínimo quando aumenta é sempre de dez a vinte reais, Por algum motivo político ou por ser um ano de eleições aumentaram no salário mínimo, cinqüenta reais (50,00) Só pra continuar com incoerências: Por que um caixa de banco precisa ter diploma universitário, um entregador de correios e lixeiro ensino médio, e o cara que representa o País, a maior autoridade, pode ser semi-analfabeto? Porque no Brasil pedir esmola rende muito mais do que receber o salário de aposentado? Porque os honestos só ficam ricos quando fazem parte do esquema do Governo e ou de sua patota, os chamados: “Camaradas”. Muitas perguntas, faltam às respostas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário