sexta-feira, 20 de maio de 2011

FRANCENILDO FAZ PERGUNTAS A PALOCCI

  Dirceu Ayres

“Por que ele não explicou de onde veio o dinheiro? Na minha época eu tive que explicar”, disse ao site de VEJA, indagado sobre o que achava do salto patrimonial do ministro da Casa Civil. Francenildo refere-se ao dia 17 de março de 2006, quando teve sua conta na Caixa Econômica Federal (CEF) violada um dia depois de ter dito, em depoimento à CPI dos Bingos, que vira Palocci na casa no Lago Sul, área nobre de Brasília, frequentada por lobistas da chamada "república de Ribeirão". À imprensa, teve de dar explicações sobre os 38.860 reais que recebera. A suspeita é que seria dinheiro dado a ele para falar mal do então ministro da Fazenda, um dos mais influentes da Esplanada dos Ministérios. Mas o que todo o país soube naquele dia é que Francenildo é filho bastardo do empresário Eurípedes Soares. E que, recusando-se a registrá-lo como filho, acertou com ele a entrega de 30.000. Uma espécie de prêmio de consolação. “Eu fiquei arrasado”, diz. Para ele, Palocci também deveria dizer o que fez para passar dos 375.000 declarados em 2006 para os 7 milhões em 2010, enquanto exerceu o mandato de deputado federal. “O cara que não dá explicação de onde veio o dinheiro é porque o dinheiro é suspeito”, afirma. “Será que o Coaf vai agir tão rápido dessa vez?”, indaga, em alusão ao pedido da oposição para que os ganhos do petista sejam investigados. Em sua defesa, o ministro da Casa Civil afirma que o aumento de patrimônio deve-se às atividades de sua consultoria – o que, isoladamente, de acordo com o procurador- geral da República, Roberto Gurgel, pode até configurar desvio ético, mas não é crime. Caça ao Palocci. O governo conseguiu impedir uma nova votação para convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Ontem, três pedidos de convocação, encaminhados também pela oposição, foram derrubados.O presidente da comissão, deputado Mendonça Prado (DEM-SE), decidiu cancelar a reunião após avaliar que a base governista se articulou para evitar o quorum, o que impossibilitaria a votação.

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